No terreno, mantinham-se as mesmas
críticas e observações: os trabalhadores podem ter um certificado a
dizer "12.º ano completo", mas continuam pouco produtivos; a estratégia
de ver os sectores tradicionais a subir na cadeia de valor só
parcialmente foi bem sucedida e a região continua sem um rumo bem
definido.
Em 2007, por seu
turno, os Açores, tinham subido para 67,6% da média e a Extremadura
disparado para 72,4%. Entre os Quinze, além do Norte, estavam a marcar
passo a Guiana, uma região sul-americana administrada pela França, e uma
só parte da Grécia.
Os dados do Eurostat, organismo estatístico
europeu, dizem respeito ao ano de 2007, antes portanto da crise
financeira, primeiro, e económica depois. Durante um ano, o comércio
internacional caiu a pique (e com ele boa parte das vendas das empresas a
Norte, de onde ainda sai a maioria das nossas exportações) e a falta de
trabalho disparou (os dados relativos à região indicam uma taxa de
desemprego superior a 10%).
É, por isso, de supor que os dados
relativos a 2008 e, sobretudo, a 2009 venham a revelar um empobrecimento
ainda maior da região Norte. Da mesma forma, refira-se, a Grécia poderá
ver mais regiões a cair para o fundo da tabela da riqueza da UE-15 na
sequência das fortíssimas medidas de contenção de despesas que o Governo
grego está a ser forçado a instituir, para evitar que o país entre na
bancarrota.
Mas, na década entre 1997 a 2007, diz o Eurostat,
Portugal teve um desempenho heterogéneo. Os dados da entidade
estatística medem a riqueza por habitante e pondera-a à paridade do
poder de compra (já que o custo de vida nos países nórdicos, por
exemplo, é maior do que em Portugal, o Eurostat ajusta essa diferença,
para se poder comparar directamente realidades diferentes).
Um
país, várias velocidades
Nessa óptica, vê-se que o país
andou a várias velocidades. A região Centro manteve praticamente o mesmo
lugar de onde tinha partido, estando em 2007 a produzir o equivalente a
64,4% da média europeia. Lisboa pouco melhor desempenho teve, mas
mantinha-se solidamente acima da linha média dos parceiros comunitários,
produzindo 104,7%.
Quanto mais para Sul e Oeste se caminha, mais
animador fica o cenário. O Alentejo ganhou quase dois pontos percentuais
(71,9%) e o Algarve já está a começar a perder o direito a fundos
comunitários de apoio ao desenvolvimento, ao atingir uma riqueza de
79,6% da média europeia.
A grande evolução foi conseguida pelas
duas regiões autónomas. Os Açores, que em 1998 atingiram um último lugar
da pobreza, tinha subido quase dez pontos percentuais e atingia os
67,6% da média; e a Madeira, tendo começado onde estão agora as ilhas
açoreanas, disparou para 96,3%, no espaço de uma década.
Fonte: JN