Os ambientalistas deram parecer negativo à construção das barragens de
Gouvães, Padroselos, Alto Tâmega e Daivões. "Os benefícios são escassos
face aos aspectos negativos" dos projectos, diz a Quercus.
O período de discussão pública sobre a construção destas barragens
terminou no dia 14 de Abril e os ambientalistas da Quercus não deixaram
de elaborar o seu parecer. "Os prejuízos são demasiado avultados para os
escassos benefícios decorrentes da construção destas quatro barragens,
pelo que estas perdem sentido perante as alternativas viáveis que
existem neste momento", diz o comunicado da associação.
As barragens não respeitam "a Directiva Quadro da Água, onde se exige
que não haja deterioração da qualidade da água, não só química mas
também ecológica". "É isso que irá acontecer se estas quatro barragens
avançarem", dizem os ambientalistas que também criticam o facto de não
ser equacionado no Estudo de Impacto Ambiental "um cenário zero que
preveja a possibilidade de reforçar a potência instalada em barragens já
existentes, o que, segundo dados da EDP, seria suficiente para alcançar
as metas de aumento de potência prevista em centrais hidroeléctricas
(2000MW)".
A Quercus defende também que as albufeiras criadas irão afectar "vários
ecossistemas valiosos, que são os últimos refúgios de espécies
actualmente em perigo de extinção, resultando no empobrecimento geral da
biodiversidade do país", para além de trazerem "impactos paisagísticos,
resultando numa descaracterização transversal a vários concelhos e no
consequente empobrecimento da região" e de provocarem a "submersão de
importantes zonas de produção agrícola e florestal nas zonas a inundar"
Em alternativa à construção destas barragens, a Quercus defende um
"investimento sério em medidas de eficiência energética" e a "aposta em
energias renováveis de baixo impacte, nomeadamente através da
micro-geração". E lembra que existem "alternativas energéticas mais
baratas e com um menor impacto ambiental, como são a aposta na redução
do consumo e a promoção da eficiência energética".
"Existem outros caminhos muito menos agressivos para o ambiente e
economicamente mais viáveis para resolver a dependência energética do
país face aos combustíveis fósseis, o que nunca se conseguirá com mais
barragens", defende a associação, exigindo que se estudem os "cenários
alternativos em termos de produção e redução das necessidades
energéticas".
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