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A sustentabilidade vazia Imprimir e-mail
20-Abr-2010

paulo_seara.jpegNunca como hoje o desenvolvimento sustentável faz parte do discurso oficial, nos anos 80 os partidos ecologistas elegeram-no como uma luta transversal em prol de uma melhor qualidade de vida, alteração dos padrões de consumo e, mudança comportamental para com a natureza.

Ao passar para as agendas mainstream dos grandes partidos políticos portugueses; um ideal inovador tornou-se vazio. Foi possível encerrar mais de 300 lixeiras, em contraponto centenas de pedreiras laboram em áreas protegias.

Em manifestos eleitorais e programas de acção a palavra sustentabilidade resplandece como crescimento, construção, aproximação, capitalidade, e claro está, progresso e modernidade. Quantos excessos e sacrifícios muitas vezes exigem, quanto planos vazios de sustentabilidade criam novas desigualdades. Existem contradições e o verbo sustentar tornou-se um slogan. “É pela nossa sustentabilidade “ que 6 novas barragens se constroem na bacia do Douro, aumentam absurdamente direitos de construção no PDM municipal, abrem novos centros comerciais, mumificam-se centros históricos, fazem-se cortes na saúde e educação mas promovem-se esses serviços no sector privado, entre outros.

O império e o colonialismo também foi a nossa sustentabilidade durante séculos, assim como o contributo das remessas dos emigrantes desafogaram na segunda metade do século XX as contas públicas, dois exemplos históricos.

As complexas relações ambientais e dos ecossistemas não se compadecem com as contradições do mercado. A reciclagem não pode ser encarada insensatamente como um instrumento para manter os níveis de consumo injustificáveis. A energia e recursos indispensáveis para reciclar têm que ser encarados como despesa. No fundo o super consumo condena o planeta ao canibalismo.

A justiça ambiental é a justiça social, o desenvolvimento sustentável com as pessoas e com o ambiente. A crise ambiental está a reconfigurar as opções técnicas e políticas sobre o ambiente e consequentemente sobre a economia. A nova política agrícola comum vai propiciar a produção e distribuição local de bens, e inelutavelmente vai originar uma redistribuição da riqueza. É urgente uma justiça social encetada a partir do local para o global. Só assim os problemas transmutarão as pessoas. Sentir o que é nosso, mudar o que é nosso.

Mas há resistências. A direita e o centro esquerda escudam-se com opções teóricas e técnicas contraditórias em defesa dos grandes grupos económicos e de uma adaptabilidade dentro das regras do mercado. Em resposta a esquerda socialista quer realizar opções políticas na sociedade, colocar a sociedade perante as suas responsabilidades. Mesmo que se venha a comprovar mais tarde que as alterações climáticas não se devem ao Homem, podemos orgulharmo-nos de ter mudado paradigmas e as relações humanas.

Mas não se pode estar à espera que a esquerda socialista instaure as mudanças. Não é poder. A intervenção deve ser posta em várias plataformas, associações, economia social, ONG`s, empresas, grupos informais, acção individual.

E do global para o local, a sustentabilidade do município de Vila Real não deveria ser o embrulho simpático à vista bajulado de quatro em quatro anos. Pasme-se, existe até uma agência de ecologia urbana para trabalhar questões de sustentabilidade urbana (ou falta dela?) e seria importante equacionar (será demasiado tarde?) e que ocupou um edifício destinado a um centro de interpretação ambiental (que dirão os licenciados neste campo?). Teríamos um espaço de apoio turístico no bairro dos ferreiros; uma âncora para uma cidade com poucas referências de escala ao nível turístico. Como o Palácio de Mateus, que como sabemos está em Mateus e é uma referência internacional.

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Publicado no Jornal "A Voz de Trás os Montes" de 20 de Março

 
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