Dizia
Hegel que a História repete-se sempre duas vezes, ao que Marx
acrescentou: a primeira como tragédia e a segunda como farsa.
Antes
do Capitalismo e do sistema anterior, o Feudalismo, existiu um
sistema autocrático assente num modo de produção esclavagista: o
Império Romano. E esta é a primeira parte da história, a tragédia.
Aqui a classe dominante vivia do sobre-produto produzido pelos
escravos. Estes, despidos de direitos sociais e consequentemente
laborais apenas tinham o “privilégio”
de serem alimentados de modo a garantirem o seu mínimo vital
fisiológico.
Na
segunda parte da história, os nossos dias, vivemos num sistema
Capitalista em que a escravatura foi maioritariamente abolida. Hoje
as pessoas, a maior parte delas assalariadas, tem direitos sociais e
laborais. E esta é a farsa, isto porque esses direitos têm sido
passo a passo reduzidos ao nível do nosso mínimo vital fisiológico.
Actualmente,
lanistas transformaram-se em empresas de trabalho temporário, em que
precários são fornecidos aos desígnios e satisfações do capital.
As arenas são trocadas pelo mercado de trabalho no qual devemos ser
empreendedores de modo a igualar a glória do gladiador, glória essa
por meio do sangue dos nossos adversários. E para certificar que a
história está a repetir-se até temos o Paulo Portas a preferir
pronunciar Triunvirato em vez de Troika, e até provavelmente na
cabeça de 600 mil portugueses e portuguesas se pense: Até tu,
Nobre, meu candidato?
Mas
voltando ao Império Romano, e em particular a um escravo de seu
nome, Spartacus. Este, iniciou uma revolta e sublevou 100 mil
ex-escravos que juntos disseram basta. Tal acontecimento, conhecido
como a Terceira Guerra Servil, entre a vontade de fugir para a
liberdade e o romantismo do exército libertário que lutava pela
utupia da abolição da escravatura, desafiou os senhores de Roma e
pela primeira vez fez temer a sua condição de classe dominante. É
certo que Spartacus e a revolta foram esmagados 2 anos mais tarde,
no entanto, os acontecimentos tiveram repercussão na política
romana e no futuro da sociedade. Outra coisa não seria de esperar de
uma revolta justa e exemplo para a luta de classes.
O
passado já teve o seu epílogo, o presente aguarda o seu. E seja
qual for o futuro, podem parar o/a revolucionário/a mas nunca a
revolução, e por isso: Precários nos querem, Spartacus seremos.
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