Pedro Passos Coelho apresentou ontem o seu programa de Governo, anunciando mais uma medida (fabricada à pressa) para além das que já tinham sido entregues à Assembleia da República.
Hoje sabemos que o governo PSD/CDS pretende adoptar “uma contribuição especial para o ajustamento orçamental” equivalente a 50% do subsídio de natal dos trabalhadores e pensionistas acima dos 485 euros. Hoje sabemos que o programa de emagrecimento do estado, tantas vezes caracterizado como gordo, é na verdade um programa de saque aos bolsos dos mais desprotegidos.
Ficamos a saber que para além de pagarmos novamente meio BPN, vamos também atribuir a gestão de hospitais públicos, transportes e outros sectores estratégicos (do país e das pessoas) a entidades privadas que irão defender o lucro dessas mesmas empresas em vez de defender os interesses das populações.
Sabemos hoje que para emagrecer o estado, teremos
no futuro de pagar mais impostos, teremos de fazer sacrifícios para
pagar por uma saúde privada, uma educação privada, pelos transportes
privados. Mas continuamos sem saber para onde vai esse dinheiro. A
história repete-se, mais descarada do que nunca. A recessão no próximo
ano será mais grave, a queda do produto será na ordem dos 2%, o impacte
na vida das famílias será maior.
A estratégia deste governo para emagrecer o estado é clara, emagrecer a
capacidade financeira das família, para engordar os bolsos dos privados.
O Bloco de Esquerda de Vila Real esteve atento ao programa do PSD/CDS
durante a campanha, e estará atento às medidas que este governo irá
implementar. Queremos saber, com a clareza que foi prometida, para onde
vai o dinheiro? O que vai o governo fazer com o encaixe dos 800 milhões
de euros, que tanto irão custar às famílias, em particular às famílias
vilarealenses.
Pedro Passos Coelho parece ter esquecido o distrito pelo qual foi
eleito, mas o Bloco de Esquerda continua aqui para defender a região.
Para lembrar que o nosso distrito tem uma média salarial abaixo da média
da região norte, para lembrar que os nossos pensionistas são os que
mais gastam em cuidados de saúde e os que mais dificuldades têm em
aceder a esses cuidados. Para lembrar que muitas mulheres vilarealenses,
que trabalharam toda a sua vida na agricultura, sobrevivem agora com a
pensão do marido, e que essa pensão é em muitos casos acima dos 485
euros mas abaixo dos 600. E para lembrar que parte do grande
financiamento das nossas autarquias provem do IMI, imposto normalmente
pago com o recurso ao subsídio de natal ou de férias dos pensionistas
vilarealenses.
O Bloco de Esquerda está no combate a estas medidas que nos querem fazer
acreditar que temos de pagar a dívida de outras pessoas. Que para
emagrecer o estado é preciso engordar o sector privado e saquear as
famílias portuguesas. E antes que Pedro Passos Coelho se lembre de vir
pedir desculpas, o Bloco de Esquerda da Vila Real, quer saber para onde
vai esse dinheiro.
Neste sentido, o Bloco de Esquerda de Vila Real irá trabalhar com os e
as deputadas bloquistas eleitas para avaliar o impacte que estas medidas
terão nos e nas vilarealenses e apresentar medidas de combate a este
corte injustificável
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