Com o aproximar da data da 1ª fase de
encerramento do sinal analógico em Janeiro do próximo ano, o qual
já abrange parte do distrito de Vila Real, e que permite aos
agregados familiares assistirem aos quatro canais generalistas na
Televisão, é de denotar a falta de informação que as entidades
responsáveis pela TDT (PT e ANACOM) têm fornecido às pessoas.
Claro que poderão argumentar que
entregaram nas caixas de correio um jornal informativo do que é a
TDT, como se irá proceder à transferência do antigo sinal
analógico para o sinal digital e de como cada casa poderá obter
acesso ao novo sinal mas a estética do dito jornal é facilmente
confundível como um comum folheto de hipermercado ou de outro género
de publicidade, sendo que a maioria das pessoas provavelmente nem
olhou para o dito antes de proceder à sua destruição ou colocação
no lixo.
O próprio sítio informativo da TDT na
Internet não é actualizado com notícias desde o mês de Maio,
remetendo explicações mais detalhadas para a sua página na rede
social Facebook na Internet onde até existem informações
actualizadas recentemente mas onde se procede a fornecer
esclarecimentos de forma pouco formal e com um carácter de conversa
de café, em que os responsáveis pela página por vezes não
efectuam esclarecimentos mas respostas a críticas de alguns
utilizadores e utilizadoras.
É igualmente lamentável que a ANACOM
tenha optado por fazer distribuições do jornal nas praias, onde por
esta altura grande parte das pessoas nem é residente em Portugal,
sendo assim dificultado o acesso ao público-alvo do folheto
informativo.
Ora, sendo que não é necessário a
habitações com acesso a serviços de televisão por subscrição
(MEO, Zon, etc) efectuar qualquer tipo de acção para aceder à TDT
e que as populações mais envelhecidas e tecnologicamente inaptas
são as que tem necessidade de efectuar a transição para poder
continuar a ter acesso a este meio de informação, não se entende o
porquê das entidades responsáveis não estarem a actuar com mais
rigor no interior, onde a maior parte das populações mais idosas
são isoladas e onde ainda existe algum grau elevado de iliteracia
que impossibilita a interpretação do jornal informativo! E é
igualmente questionável se estas populações possuem acesso à
Internet para poder consultar essas informações mais recentes!
Mais: os aparelhos que possibilitam o
acesso à TDT com os televisores antigos sem receptores digitais vem
na sua maioria com as instruções exclusivamente em línguas
estrangeiras como o inglês!
Como é possível que a PT e a ANACOM
estejam a focar-se com mais rigor nas zonas do país onde não só o
conhecimento para efectuar a transição é bom ou mesmo
desnecessário devido às maiores possibilidades económicas que
permitiram a grande parte da população adquirir serviços de
televisão por subscrição, que como referido, não necessitam de
efectuar a transição, deixando as populações onde a necessidade
de tal informação é crucial ao abandono!
Existe ainda a questão do custo de
aquisição do aparelho descodificador, dado que numa altura de
enormes dificuldades económicas para as famílias, é exigido um
custo elevado para continuar a ter acesso à informação ou
entretenimento! Certo que existe a possibilidade dos titulares do
Rendimento Social de Inserção, os Reformados e as Reformadas, dos
pensionistas com rendimento inferior a 500€ mensais e os cidadãos
com grau de deficiência igual ou superior a 60% poderem auferir de
um subsídio que cobre em metade o custo do aparelho descodificador,
no entanto esses 50% de cobertura subsidiada (no máximo de 22€)
não ocultam o peso dos outros 50%, ou seja, são pagos 22€ pelo
programa de subsídio mas a família tem de desembolsar outros 22€
para pagar o dispositivo, 22€ que podem fazer toda a diferença
para estes agregados familiares em dificuldades económicas.
Aliás, o custo mínimo por um aparelho
destes em Portugal é de 40€ de acordo com a DECO, ou seja, estes
agregados familiares acabam por desembolsar no mínimo 20€ para
usufruir de televisão.
Relembre-se que nem o Governo dos
Estados Unidos da América, o país modelo do Capitalismo, deixou
este custo a cargo dos mais carenciados e das mais carenciadas, tendo
pago a totalidade dos 40€ aos agregados familiares do país para
adquirirem o aparelho.
A ver vamos, se a PT e a ANACOM começam
a corrigir as debilidades desta campanha informativa e é essencial
que o Estado assuma a responsabilidade em termos económicos de
efectuar a transferência para o sinal digital, para que não só
possa existir qualidade na recepção da informação bem como possa
existir acesso à recepção da mesma senão TDT é só para alguns e
não para tod@s.
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