Referendar o Governo da Troika
28-Mai-2011

paulo_seara.jpegA escolha de 5 de Junho, é tão simples como um referendo. Não o soubemos pela voz dos que disputam a paternidade do acordo da troika. Foi um artigo publicado pelo Wall Street Journal, ensombrando, umas eleições fitícias, pois sabemos a priori o programa que vamos escolher. E vamos escolher uma fatalidade que escancara as feridas da crise, sem milagres económicos? O programa da troika, não é uma mera linha de orientação versátil, é uma imposição cínica. Até a imprensa económica de direita como o The Economist, afirma que o acordo com a troika é suicida. Logo, não nos ausentamos das negociações por arrogância.

Quanto às propostas para o distrito, temos 13 compromissos. A luta contra a precariedade é uma bandeira fundamental da Justiça na Economia. A crise não pode servir de pretexto para um constante ataque aos direitos dos trabalhadores. Justiça para quem trabalha, pleno emprego, salário justo, equidade e desenvolvimento sustentado; combateremos a precariedade e falsos recibos verdes. Continuaremos a lutar contra as políticas que arrastam as pessoas para o desemprego e que no desemprego as querem desamparadas. Mais serviços públicos contra o interioricídio, os serviços públicos são um direito social, não um negócio de alguns. No combate à desertificação só uma política que assente nos serviços públicos será instrumento de desenvolvimento pleno. Continuaremos a defender o Ensino Público e Gratuito, e garantir uma Acção Social inclusiva dos estudantes pobres. Saúde; não tem preço, na saúde, é preciso universalizar o acesso e aumentar a eficácia dos cuidados de saúde primários. Acreditamos que não há desenvolvimento sem acessibilidades, somos a favor da criação de uma rede ferroviária moderna que interligue o interior e ao resto do país: o encerramento ou privatização da ferrovia é um factor de empobrecimento. Assim, pugnamos pelo reinício eficaz e seguro da linha do Corgo. Somos contra as portagens da A4 e a sua introdução na A24. A política de habitação do distrito necessita de mudar, a desertificação do centro histórico é a consequência duma política assente na expansão do betão em detrimento da requalificação urbana, muito prioritária. A Regionalização é um factor indispensável para o reforço da democracia e para o combate às assimetrias económicas do País. Incrementa a democracia direta. É um importante instrumento do poder político na organização dos serviços públicos essenciais para responder às desigualdades. Que futuro para a agricultura? Iremos continuar a debater-nos pela criação do Banco de Terras Público, pelo valor acrescentado dos produtos regionais, sua certificação e promoção internacional. É importante reverter o abandono das terras e o êxodo, possibilitando deste modo baixar a dependência alimentar externa dando ao interior uma economia produtiva, invertendo a economia de consumo. Resolver os problemas da Casa do Douro de forma a revitalizá-la. Urge uma Política Ambiental sensível aos valores ecológicos, e a ponderação dos custos benefício da exploração dos recursos naturais. Deve-se beneficiar políticas que incentivem uma boa gestão e boas práticas de protecção ambiental. A exploração dos recursos deve responder às necessidades humanas fundamentais e respeitar os ciclos ecológicos. Lutamos pelos direitos humanos, contra o cinismo do centro, da direita, o populismo e a xenofobia; por um país para todos. O Bloco de Esquerda aposta na informação e na defesa dos direitos fundamentais (dos desempregados, mulheres, imigrantes, consumidores, aos direitos sexuais e reprodutivos), na luta contra a violência doméstica, pela integração de mulheres desempregadas e de meios sociais desfavorecidos, e pelo combate à solidão dos idosos e das pessoas portadoras de deficiência. O Bloco de Esquerda continuará a desenvolver políticas de igualdade para uma política cultural assente nos princípios democráticos de modo a formar novos públicos culturais. O turismo valoriza o território, mas está dependente dos ciclos económicos. O Bloco de Esquerda defende um turismo sustentável e contraria o modelo de turismo das grandes hoteleiras que transferem mais-valias para o litoral. Defendemos a conservação do património natural e humanizado aliado ao desenvolvimento em sinergia com a agricultura e o comércio.

Não existem lógicas de mal menores. Dois anos de recessão, crescimento nulo, 800 mil desempregados. Silêncio sobre a precariedade à direita; ostentação no PS, que quer legitar a precariedade com direito a subsídio de desemprego, exigência à FMI. Hoje a sociedade portuguesa está desigual e indiferente. A quebra dos valores de Abril, são a causa. O PSD quer impor o dia da jorna e os contratos orais. Para o neoliberalismo: liberdade é precariedade; endividamento é orgulho; austeridade é alegria. Parece que adoptei a alegoria diabólica de George Orwell no livro 1984. É somente o guião do centrão. Custeado pelo FMI, e tendo como censor os donos de Portugal. PS, PSD e CDS-PP, competem pelo voto que nada vai alterar. Não somos contra o pagamento da dívida, somos uma alternativa de esquerda, queremos realizar uma auditoria à dívida, recusando pagar as calotes dos accionistas dos bancos privados e comerciais. Restruturar para descer o juro, até 3,5%. Não podemos pagar juros especulativos, como acontece na Grécia a na Irlanda. Se os portugueses exigirem, apoiaremos a realização de um referendo à dívida. Tal como os Islandeses.

Quanto ao crescimento, o FMI, condiciona o grau de soberania, e as políticas públicas de crescimento vão congelar; como o 13º e 14º mês; o salário direto e indireto vai descer. Privatizações e despedimentos podem puxar a economia, para os neoliberais, mas será um beco. Pagam os de baixo. Está na hora de deixar o laisser faire na economia. A corrupção e a fuga fiscal necessitam de uma revolução. O Bloco de Esquerda tomou o lugar tribunício em nome dos sacrificados, por uma alternativa, não estamos arrumados na prateleira das velharias ideológicas, como deseja Francisco Assis. Corrigir as assimetrias sociais, como o desemprego, as privatizações ruinosas, as parcerias público privadas, provocadas por governos socialistas, que originaram uma transferência de bens, serviços e capital para o setor privado na ordem dos 26 biliões de euros; não corresponde à carta ao Pai Natal, que Sócrates escreve em nome dos portugueses há 6 anos.

Trabalho sem direitos, não; futuro incerto, não obrigado, mais emigração; é desistir de nós mesmos.

O sistema conhece o perigo, a perversão está em tentar, apesar da vanidade; aparente. Os portugueses estão indignados, cheios de indignação nos bolsos. É tempo de os ajudar a retirar para fora dos bolsos a indignação, ou caso contrário, o centrão, manda-los-á dar uma volta. Como a nossa burguesia, também eles querem rendas vitalícias. Está na hora de quebrar com o rotativismo PS - PSD. Dia 5 de Junho vamos referendar o governo da troika e mudar de futuro.