O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda entregou um Projecto de Resolução recomendando a suspensão e revisão do Plano Nacional de Barragens (ler aqui) .
Foram também enviadas recentemente duas perguntas ao Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (ler aqui) e ao Ministério da Economia da Inovação e do Desenvolvimento (ler aqui) sobre o mesmo assunto.
A avaliação por uma equipa de peritos
europeus ao Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico
(PNBEPH), a pedido da Comissão Europeia, é clara nas suas conclusões: o PNBEPH
tem “lacunas graves” e não faz a “comparação adequada” entre os benefícios da
construção das barragens e os seus custos ambientais, sobrevalorizando os
primeiros.
Um dos pontos mais importantes do relatório é
a construção da barragens colocar em causa o cumprimento da Directiva Quadro da
Água no que diz respeito à garantia da qualidade dos recursos hídricos, a
cumprir em 2015. Relembre-se que nesta Directiva é especificado que novas
barragens só poderão ser construídas se forem equacionadas alternativas e se os
seus benefícios forem superiores aos dos objectivos ambientais da própria
Directiva. Ora, nem foram equacionadas alternativas energéticas às grandes
barragens para cumprir os mesmos objectivos de política energética, nem os benefícios
do PNBEPH são superiores aos objectivos ambientais.
Também os impactes negativos ao nível de
ecossistemas sensíveis, afectando espécies ameaçadas e habitats importantes,
nomeadamente em áreas da Rede Natura 2000, são apontados no relatório.
O relatório menciona claramente que o
contributo energético do PNBEPH está sobreavaliado, o que poderá colocar mesmo
em causa a viabilidade económica de algumas barragens previstas.
O Bloco de Esquerda considera que o PNBEPH
deve ser imediatamente suspenso e reavaliado, dado o enorme impacto negativo
sobre os recursos hídricos e os ecossistemas, e tendo em conta o seu contributo
residual para o consumo energético nacional, na ordem dos 3%.
Os objectivos de redução da dependência
energética e das emissões de gases de efeito de estufa poderão ser melhor
atingidos adoptando medidas simples e custo-eficientes para a poupança de
energia, já que Portugal desperdiça 60% da energia que consome, assim como
através do investimento na produção renovável que dê prioridade às soluções
mais sustentáveis do ponto de vista ambiental e social
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