Veio recentemente na comunicação social a notícia de que a CP teria
tentado vender junto de museus ferroviários europeus o comboio histórico
de via estreita estacionado na Régua.
Quem impediu a venda em nome da defesa do património português? A
Federação Europeia de Caminhos-de-Ferro Turísticos através de um apelo
que lançou aos vários museus para não comprarem o comboio de via
estreita estacionado na Régua.
De acordo com a mesma notícia, a Federação considerou escandaloso
que a empresa portuguesa pusesse à venda a composição em causa, não só
por constituir um património raro, logo a preservar, como está em óptimo
estado. Aliás, devido ao facto de o comboio se encontrar operacional
estava já destinado à Linha do Vouga.
Diz ainda a notícia que foi também a Federação que comunicou ao
Museu Nacional Ferroviário Português a tentativa de venda por parte da
CP desta composição. Situação absolutamente insólita e que só permite
deduzir a clara intenção de colocar este património nacional fora do
país.
Esta situação está toda ela envolta em factos no mínimo estranhos.
Ao que parece a iniciativa é da CP Frota, que gere o material
circulante, tendo a unidade enviado um email a várias entidades
estrangeiras solicitando que estes propusessem o preço correspondente.
Da parte da CP, e de acordo com o presidente da Fundação do Museu
Nacional Ferroviário, a empresa terá afirmado que perante esta situação
iria então dar prioridade ao museu português na compra da composição em
causa. Ora, o museu alega que já tinha pedido à administração da CP a
cedência da mesma, pois inclusivamente o museu tinha em curso até ao
encerramento da Linha do Vouga um projecto de requalificação do complexo
ferroviário daquela estação para ali albergar o comboio histórico e
poder vir a dar-lhe utilização turística.
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda lamenta que as opções
estratégicas da CP excluam o panorama nacional e que a preservação do
património ferroviário português não seja umas das suas principais
vocações.