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Mais crise, mais desemprego, mais desemprego, mais crise |
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11-Mar-2010 |
 Em 2009, o combate ao desemprego fracassou. A iniciativa de emprego 2009, esquematizada pelo governo ficou por uma taxa de execução medíocre, dos 580M€ foram aplicados 260 milhões de euros; este ano, com mais desemprego, temos somente 73,5M€. O sector público e o privado não conseguiram ou não quiseram enveredar no combate ao desemprego. Ou então as premissas do governo eram um mar de burocracias. Este ano com menos orçamento far-se-á menos, obviamente.
A iniciativa do Bloco
de Esquerda para alargar o subsídio de desemprego foi travada, o governo
foi insensato ao proibir que 300 mil portugueses possam requerer o subsídio
de desemprego, a curto prazo a sociedade vai sentir os efeitos de uma
opinião autista que elaborou um orçamento redistributivo em 2009,
para salvar os apetites das elites do BPN. Um orçamento redistributivo
mas só para o BPN, está claro, e o desemprego a subir!
O ano de 2009 terminou
tenebrosamente com o desemprego nos dois dígitos (10,3%), números
só alcançados nos anos 80, são quase 700 mil trabalhadores indisponíveis
para o mercado de trabalho, acossados pela precariedade ou presos em
emprego onde ganham abaixo do limiar da pobreza (406€). No entanto,
quando se refere à pobreza o governo e a oposição de direita fazem
tudo para sossegar a opinião pública conservadora.
Em 2010 o orçamento
giza prioridades protagonizadas nos cortes orçamentais, no investimento
público, para não aumentar a dívida externa (o preço do dinheiro
que compramos ao exterior) temendo emparceirar com a Grécia e tornar-se
num estado tutelado pela UE.
A nível nacional
está visto que o crescimento do emprego não será para 2010.
Milhares de trabalhadores até aos 35 anos vão ficar à espera
que o sol brilhe, de dias felizes, mas nem o PS nem o PSD perscrutam
quando. Milhares de adultos vão ser ostracizados no mundo da formação
profissional sem retorno, porque o mercado de trabalho está em profunda
mudança industrial, todos os sectores se ressentem, há baixa dos salários.
Agudiza-se a estratégia
da terra queimada no sector económico, com falências dúbias.
Como os governos
preferiram usar a cábula e a prestidigitação durante décadas, o
resultado actual pretere os trabalhadores e culpa-os por não salvarem
o capitalismo, ou por outras palavras, o mercado. – Você, é o culpado!
Constata-se que os
números do desemprego no distrito de Vila Real inseridos no contexto
da NUTS 2 (Região Norte) já eram altos no despertar da crise no terceiro
trimestre de 2008 (9,1% Região Norte) hoje engordaram com a recessão
e no terceiro trimestre de 2009 temos 11,6% (Região Norte). Tal como
os dados do INE indicam na Estatística de Emprego no 3º trimestre
de 2009, o perfil do desempregado tipo tem o 9º ano de escolaridade
é trabalhador na indústria, construção, água e serviços. A maioria
dos desempregados tem entre 35 e 54 anos. No Distrito de Vila Real,
o desemprego pode não atingir as médias do Vale do Ave, mas é sem
dúvida superior aos 11,6%. Em Outubro de 2008 foram realizados 8927
mil pedidos de emprego no IEFP do município de Vila Real, e espantosamente,
os números de Janeiro de 2010 emagrecem para 8836, consequência da
desistência ou migração. Devido à área de acção do IEFP, é preciso
sublinhar que o número de desempregados se divide por vários municípios.
Existem também dentro dos 8836, 1000 desempregados licenciados. Estes
são os dados oficiais… a realidade tem um travo amargo, com um figurino
muito acima dos 11000 desempregados em Trás-os-Montes e Alto Douro.
É mais um somatório
ao já sintoma crónico do interioricídio. O distrito contínua,
pois, inexoravelmente deprimido; e perigosamente nos enredos de políticos
históricos e conservadores.
Tendo em conta que
os investimentos do Programa Operacional Regional do Norte 2007-2013
são essencialmente no litoral da região norte, sendo o distrito de
Vila Real contemplado com verbas misericordiosas, veremos que as acções
geradoras de emprego através deste programa vão ter um impacto diminuto,
penalizador e desigual.
Os fundos do PIDDAC
para 2010, reflectem os cortes orçamentais, este ano com uma redução
de 80%: dos 71M€, passamos a receber, 7M€. Depois do foguetório das
eleições e de dois deputados eleitos pelo PS, os transmontanos deixam
de ser prioritários. Este governo desaponta pelas ilusões e lamentações;
José Sócrates aproveita para esconder os problemas debaixo de tapete.
O PIDDAC que em muito contribuiria para combater o desemprego, servirá
no mínimo para “reparar estradas”.
Para o Bloco de Esquerda,
o distrito de Vila Real necessita de um combate ao desemprego através
do investimento de dinheiros públicos; auscultar e fortalecer o ensino
superior; colocar o social no centro da democracia; não excluindo os
agentes económicos nem promovendo a auto exclusão dos mesmos; proibindo
a lógica do rentismo e investimentos had hoc.
Sabemos que os cidadãos
trabalhadores querem mais do que o salário, e não vão ser os baixos
salários que vão projectar o país depois da crise passar. Primeiro
é preciso salvar o país do pântano social, já com um objectivo claro:
Pensar, Produzir e Distribuir; isto sim é que é um saudável plano
PPR para a sustentabilidade e bem-estar social de Portugal.
Paulo Seara
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