Aumentos de preços, corte de benefícios sociais, aumento de impostos
como o IVA, aumento de juros e de spreads, cortes salariais dos
funcionários públicos. Ano Novo chega com dificuldades acrescidas.
O poder de compra dos portugueses vai sofrer uma grande degradação já a
partir de Janeiro. Por um lado, devido aos aumentos de preços, que este
ano não poupam nada nem ninguém. Por outro lado, devido ao corte de
benefícios sociais que afectam pensionistas e desempregados. Há também
que levar em conta o aumento do IVA, de 21% para 23%, e o previsível
aumento de juros e de spreads, que afecta quem tem ou pretende contrair
empréstimo para compra de casa. Finalmente, já em Janeiro os
funcionários públicos sofrerão cortes salariais de 3,5 a 10%.
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Pão: Os industriais do sector da panificação já
estimaram uma subida de 12% nos preços, o maior aumento de todos os que
já estão previstos. Os empresários justificam-se com um alegado aumento
de 40% no preço da farinha.
Electricidade: vai aumentar 3,8% para as famílias.
Para a maioria, este aumento representa mais 1,5 euros por mês, numa
factura de 41 euros. Só os 660 mil clientes que beneficiam da tarifa
social é que se limitarão a um aumento de 1% (20 cêntimos numa factura
média de 20 euros).
Para as empresas, os aumentos podem ser de 4 ou 10%, o que deverá
reflectir-se nos preços de venda ao público, independentemente do que
produzem.
Transportes: Aumentos de 3,5 a 4,5%. Os passes sociais
nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto terão uma subida média de
3,5%, mas os títulos para percursos até 50 quilómetros vão custar mais
4,5%. Por exemplo, o passe L1 de Lisboa, que alia Metro e Carris,
ficará, em média, 1,4 euros mais caro, enquanto o L123 aumentará 1,8
euros por mês.
As portagens nas auto-estradas da Brisa vão aumentar 2,3% (IVA mais
subida de preços). Por exemplo, o percurso Lisboa/Porto na A1 sobe 25
cêntimos, para 19,95 euros, e o percurso Lisboa/Algarve na A2 aumenta 30
cêntimos para 18,95 euros.
Os próprios automóveis vão ficar mais caros, por causa da subida do
IVA. As novas tabelas de Imposto Sobre Veículos (ISV) ainda não são
conhecidas, mas os empresários do sector admitem que as subidas de
preços podem chegar aos 5,4%.
Roupa e calçado: Vão subir, em média, cerca de 10%, de acordo com as previsões feitas pelas associações do sector.
Saúde: As consultas nos hospitais centrais sobem de
4,50 para 4,60 euros e nos distritais passam de 3 para 3,10 euros. Já as
consultas nos centros de saúde sobem de 2,20 para 2,25 euros e na
urgência polivalente de 9,40 para 9,60 euros.
Também a partir de 1 de Janeiro, o Ministério da Saúde (MS) deixa de
garantir o pagamento do transporte de doentes não urgentes com
rendimentos superiores ao salário mínimo nacional.
Os desempregados com rendimentos acima dos 485 euros deixam de ter
acesso gratuito aos cuidados prestados pelo SNS, tendo de pagar taxas
moderadoras.
Quanto aos pensionistas, para continuarem a beneficiar do regime
especial de comparticipação de medicamentos, terão de provar que a soma
dos rendimentos do agregado familiar, dividida pelo número de pessoas,
não ultrapassa os 14 salários mínimos (6790 euros).
O preço dos medicamentos também sofre modificações devido à alteração
da fórmula de cálculo do preço de referência, que passa a corresponder à
média dos cinco preços de venda ao público dos medicamentos mais
baratos que integrem cada grupo homogéneo.
Habitação: É provável a subida das taxas de juros, e
já está a ocorrer um contínuo aumento dos spreads por parte dos bancos,
para quem procura financiar a compra de habitação.
Salários reduzidos: Os funcionários públicos sofrerão
cortes salariais de 3,5 a 10%, e milhares de famílias verão cortadas ou
perderão o acesso a prestações sociais, como o subsídio social de
desemprego, rendimento social de inserção ou abono de família.
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