A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda esteve reunida este sábado, em
Lisboa, tendo marcado a Convenção Nacional para os dias 14 e 15 de maio.
Nesta reunião foi abordada a reeleição de Cavaco Silva, que representa
“uma derrota para as esquerdas sociais e políticas” e “favorece as
pressões para medidas complementares de austeridade, que aplicam as
orientações clássicas do FMI e antecipam a sua tutela”.
Apesar da vitória de Cavaco Silva na primeira volta, o Bloco considera
que o actual presidente da República “sai enfraquecido destas eleições:
perde mais de meio milhão de votos e obtém a menos expressiva das
reeleições”, sendo que, por outro lado, “a sua vinculação à SLN, holding
do BPN, sublinha uma posição de fragilidade que exige pleno
esclarecimento dos factos”.
O Bloco reconhece a derrota clara do candidato que apoiou, mas declara
valorizar “a mensagem da campanha de Manuel Alegre, marcada por dois
temas essenciais - a resistência à chantagem dos mercados financeiros e
do FMI, e a defesa dos serviços públicos como condição da democracia”.
Durante a reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda foi também
discutido o reforço da aliança do partido socialista com o patronato e a
proposta de alteração das regras dos despedimentos. O Bloco “associa-se
a todas as lutas de resposta a esta ofensiva e estará ao lado dos
sindicatos nas mobilizações e jornadas nacionais de greve e de luta que
sejam necessárias para vencer as políticas do governo e da direita” e
anuncia que irá organizar “um Dia Anti-FMI com acções de mobilização em
todo o país, no mês de março”.
O Bloco de Esquerda saudou ainda os levantamentos populares na Tunísia e
no Egipto, que “continuará a acompanhar de forma solidária” e afirmou
condenar “todas as tentativas para, através de forma de ingerência,
limitar o seu alcance político”.
O coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Francisco
Louçã, reagiu, em conferência de imprensa, à possibilidade do Partido
Comunista Português avançar com uma moção de censura ao Governo.
Francisco Louçã afirmou que o Bloco sabe que “no dia em que estamos a
discutir não tem qualquer utilidade prática a apresentação de uma moção
de censura” e que apresentará sempre alternativas, não se pronunciando
“sobre moções de censura que não existem ou sobre intenções vagas de
apresentação por este ou aquele partido”.
O dirigente do Bloco afirmou que actualmente o país precisa de uma
verdadeira mobilização social para combater os falsos recibos verdes, o
trabalho precário e a situação dos jovens sem emprego.
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