Ao entrar no sítio dos Censos 2011 na
internet temos imediatamente acesso a alguns do seus resultados
estatísticos:
- Somos 10 555 853 residentes;
- Constituímos 4 079 577 famílias;
- Dispomos de 5 879 845 alojamentos
em 3 550 823 edifícios; mais 390 780 edificios que em 2001
- A População residente cresceu
1, 9%;
- As famílias apresentam um
crescimento de 11, 6%;
- Os alojamentos e os edifícios
cresceram 16, 3% e 12,4%, respectivamente.
Importa olharmos para estes números de
forma mais detalhada e fazermos uma análise do nosso distrito. Neste
texto, pretendo focar a minha atenção principalmente nos dados
sobre a concentração e distribuição da população pelo país.
Espero, noutro texto, abordar os restantes dados.
Tendo em conta o mapa nacional é
importante ressaltar alguns aspectos. A nível do crescimento da
população residente, esta aumentou 1,9%, o que corresponde a mais
199.736 novos residentes. Este crescimento deve-se principalmente à
imigração. Sem imigração e dependentes apenas do saldo natural
entre nascimentos e óbitos, teríamos apenas um aumento de 17.600
novos habitantes (em 10 anos!). Por sua vez, o saldo migratório,
entre os que entraram e saíram do país, é responsável por 182.100
novos habitantes.
O que é importante reter? A nossa
população está cada vez mais envelhecida, é um facto, o nosso
país não atinge um crescimento sustentado se depender apenas dos
nascimentos, os motivos porque isto acontece são variados, não há
espaço aqui para os analisar convenientemente, mas muito rapidamente
passarão por estes, e outros, falarei aqui de dois: os casais têm
cada vez menos condições económicas para criarem os seus filhos
por isso optam, cada vez mais, por terem um e com alguma “sorte”
dois filhos; a carga horária de trabalho que a profissão exige é
cada vez mais pesada, consequentemente, o tempo que sobra para a
família é cada vez menor. Já todos ouvimos falar da flexibilização
do trabalho e sabemos bem quem a defende e por isso acho curioso
quando ouço a direita tão empenhada em defender a família e os
seus valores, quando defende políticas que roubam a possibilidade de
se criar uma família, de se ter condições, disponibilidade e tempo
para estar com esta.
Se fizermos uma análise do crescimento
da população pelo território verificamos que foi desigual e que se
mantem a concentração no litoral. As maiores taxas de crescimento
ocorreram no Algarve (14,0%), Madeira (9,4%), Península de Setúbal
(8,9%), Oeste (6,6%) e Grande Lisboa (4,7%). O Grande Porto teve um
aumento de 2,0%. Por sua vez, encontramos a tendência mais acentuada
de decréscimo da população na Serra da Estrela (-12,4%), Beira
Interior Norte (-9,5%), Pinhal Interior Sul (-9,1%), Alto de
Trás-os-Montes (-8,3%) e Douro (-7,2%). Estes dois contrastes no
território estão imbricados, a desertificação do interior
relaciona-se e explica a densificação concentrada no litoral, como
afirma o coordenador dos Censos 2011, Fernando Casimiro, “O saldo
migratório [internacional] não é suficiente para explicar o
crescimento do litoral”.
Olhamos agora para o nosso distrito. Em
10 anos, perdemos 16.545 residentes, o único concelho que viu a sua
população aumentar foi Vila Real que tem mais 2262 residentes que
em 2001, muitos destes novos residentes, serão certamente pessoas
que vieram de outros concelhos do distrito com ainda menos
oportunidades que Vila Real. Esta perda nacional de população e a
desertificação da nossa região deve-se fundamentalmente às
políticas que os sucessivos governos têm aplicado. Continuamente
ignoram as dificuldades que as regiões do interior enfrentam,
agravadas agora com esta crise. O sofrimento dos vitivinicultores,
que bem há pouco tempo assistimos nas ruas do Peso da Régua -
ouviu-se “há fome no Douro”! - é um bom exemplo de como a
população na nossa região tem vindo a sobreviver com cada vez mais
dificuldades e é já em desespero que os agricultores do Douro
saíram à rua pra se fazerem ouvir e saírem da escuridão do
interioricídio a que os querem votar.
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