 Na próxima Terça-feira, Mahmound Abbas vai às Nações Unidas para se candidatar como Membro de pleno direito desta instituição o que implica o reconhecimento como Estado soberano.
Após a paragem completa das negociações com Israel, este parece ser o caminho que resta. Não é a solução perfeita. Pessoalmente, sou a favor de um Estado único para os dois povos: palestinianos e israelitas com direitos e deveres iguais, sem qualquer tipo de discriminação formal ou material. Contudo, perante as circunstâncias, devo reconhecer que esta meta ainda está muito longe e vai depender dos dois povos, não apenas de um. Podemos considerar que as recentes manifestações em Israel talvez indiciem um sinal, bem pequenino, mas um sinal positivo para o fim da ocupação. Pergunto-me o que pensa a esquerda israelita sobre isto e quando é que vai perder o medo e incluir reinvindicações claras para o povo palestinianos pois, aí sim, estaremos no bom caminho.
Perante tal atrevimento dos palestinianos, os EUA já começaram a sua
campanha para pressionar os seus aliados para que não apoiem a
candidatura, em especial a Grã-Bertanha por ter voto no Conselho de
Segurança. O representante para a paz no Médio Oriente, Tony Blair (sim,
o mesmo Tony Blair que invadiu o Iraque, leram bem) também já se
deslocou ao local no sentido de evitar que tal aconteça. Por outro lado,
a Liga Árabe já declarou o seu apoio e o embaixador saudita em Nova
Iorque escreveu um artigo no New York Times avisando os EUA de que, caso
não reconheçam a Palestina, a sua reputação ficará ainda mais manchada
no mundo árabe.
Então e que tem a União Europeia a dizer sobre tudo isto? Até agora não
ouvi nenhuma reacção do Presidente van Rompuy nem a Alta Representante
Catherine Ashton. Afundada numa crise económica para a qual não há
imaginação nem vontade política para a solucionar beneficiando os
cidadãos europeus, a Europa vai perder este momento decisivo de
encontrar a sua voz e não ser um parceiro menor ou mero um diplomata
mais polido do que os EUA. A UE deve apoiar a iniciativa e assim
libertar-se de um política externa que é, no mínimo, rídicula e inócua.
Já é tempo de nos libertarmos dos fantasmas do passado e ver a realidade
como ela é. Israel não é David, mas sim Golias e, através de ocupações
ilegais, apropriação de recursos vitais como a água, da construção
contínua de colonatos, da construção de infra-estruturas exclusivamente
para judeus, de inúmeros postos de controlo, de prisões sem julgamento e
de abuso de poder e tortura por parte das forças militares, tornou-se
numa aberração contrária a qualquer ideal democrático e do Estado de
Direito. Portanto, é mais do que tempo de a UE acabar terminar com a
política de “dois pesos, duas medidas”. Se foi tão ágil a apoiar a queda
do regime de Kadaffi por contínuas violações dos direitos humanos e
regras democráticas, então também deve apoiar a criação do Estado
Palestiniano.
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