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FAZEM FALTA MAIS UMAS OBRAS EMBLEMÁTICAS... Imprimir e-mail
07-Nov-2011

rui_cortes.jpgDesde sempre que a história de Portugal tem sido marcada pela monumentalidade associada com períodos de estabilidade política ou riqueza proveniente das trocas comerciais. Foi assim que surgiram os nossos mosteiros e palácios mais paradigmáticos, onde as trocas com a Índia e o ouro do Brasil permitiram dar azo aos sonhos de poder dos monarcas absolutistas da altura, desejando deixar o seu nome impresso na história para todo o sempre, perpetuado através de construções opulentas, canalizando para aí toda a riqueza, enquanto a plebe procurava apenas sobreviver.

Passaram-se muitos, muitos séculos, houve transformações civilizacionais a todos os níveis mas, manteve-se o desejo de cada vaga de governantes em deixar perpetuado o seu nome através duma política “desenvolvimentista” de cunho pessoal. Salazar criou através do Estado Novo toda uma nova arquitetura, com o apoio de António Ferro, cuja melhor expressão foi dirigida para a capital do Império, através classicismo presente nas Avenidas Novas, no Estádio Nacional, etc., culminada ainda na Exposição do Mundo Português, onde a par de grandes espaços para paradas, glorificando a gesta dos nossos heróis, se chegou ao ponto de transplantar aldeias inteiras provenientes das diversas colónias para Belém, para que o povo apreciasse os indígenas locais (depois abandonados à fome nas ruas de Lisboa, mal desceu o pano do espetáculo…).

Mas veio a democracia, novos governantes, mas sempre se manteve o insanável desejo em deixar mais “monumentos” para as que gerações vindouras viessem a conhecer o papel dos novos líderes. Foi assim que Cavaco criou uma rede de auto-estradas apoiado em Ferreira do Amaral (o Duarte Pacheco dos novos tempos), começando a votar ao abandono o transporte ferroviário (bem menos emblemático…), mas foi também o tempo do Centro Cultural de Belém (atualmente convertido em sala de exposições do semi-analfabeto Berardo) e houve muitas outras fitas cortadas e muitos salamaleques e sempre muitos discursos, de preferência antes das eleições, muitas vezes patrocinados com os fundos comunitários, continuando a prolífica atividade do venerando Almirante Tomás. Saiu de cena o Cavaco, entra no palco mediático o Guterres e já começava a sobressair o nosso Sócrates que continuou a festa. Foi a época dos estádios do Euro 2004 (sabemos o resultado não é?, mas ainda no ano passado nos candidatámos ao mundial…), da magnífica invenção das SCUTS (soava tão bem fazer estradas “sem custos para o utilizador…” e já vinha aí o TGV - apesar só termos praticamente uma só ligação em condições, o eixo Braga-Faro - a nova ponte sobre o Tejo, e mais o novo aeroporto de Lisboa e sei lá que mais…

Era tudo tão bom, tão bom, mas que aborrecimento, esta política originou o aumento exponencial do défice orçamental, impulsionado pelos agiotas bancários e pelas parcerias público-privadas, o que obrigou a empacotar muitos projetos, embora outros continuem. É o caso desta nossa A4, porque afinal Bragança era a única capital de distrito que não era “banhada” por uma auto-estrada e no fim os utilizadores do interior vão ter de fazer um pé-de-meia de cada vez que quiserem ir ao litoral. Na verdade, a sensação é que desde há muito temos sido governados pelos políticos do Bloco Central que são meros intermediários dos grandes negócios. Uns poucos ganharam muito. Estamos em crise? Esses poucos podem investir agora nos novos mercados, desde o Brasil a Angola. A festa acabou e ficamos cá nós com o défice, o desemprego, a troika, o Passos Coelho e o Portas (e este ainda teve tempo para comprar uns submarinos…).

 
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