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O lado B do 1º de Maio Imprimir e-mail
08-Mai-2012
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O que é que eu penso do 1º de Maio do Pingo Doce? Pois bem, “a coisa” assemelhava-se como um filme de zombies realizado por de George A. Romero, e o cenário mais parecido com a economia de guerra. Não foi dada às pessoas a grande referência dos meus adversários neoliberais, a liberdade de escolha, pois, se o fosse, o Pingo Doce realizaria a campanha dentro da legalidade e às claras. Mas foi pela calada, mostram mais uma vez que são um grupo de mercenários, os mesmos que obrigaram mulheres grávidas na Polónia a trabalhar até parir, e voltar ao trabalho num relâmpago.

 

De facto não estive no Maio doce do Pingo Doce, e se fosse ao supermercado, acicatado com o instinto geral dos clientes, poderia aproveitar o caos para roubar; assim não gastei dinheiro no 1º de Maio sequer, nem tive de ceder ao lado B que existe em cada um de nós!

Este grupo económico tem realizado uma persistente campanha de difamação da democracia e do estado social, tendo inclusivamente ideólogos neoliberais como António Barreto, e outros com reputada virulência, na frente de combate pela moldagem de uma sociedade de instintos primários e predadores; que já está a fragmentar a sociedade do presente. Esta intentona aos direitos adquiridos derruba os pilares da democracia, e é um ataque ao socialismo, o que me diz respeito em particular, e talvez não diga nada a outras pessoas mais preocupadas em sobreviver. Os sinais da degradação moral, estão à frente do nariz, mas só um olfacto bem apurado é que detecta o gás nocivo. Primeiro o mal corrói os partidos da maioria política, que alternam no poder, depois é a sociedade que entra em crise moral, quando engole em seco ou mete a cabeça na areia. Os opositores desnorteiam-se ou são fortemente penalizados, pelo decadente vínculo moral. Os grandes grupos económicos aproveitam o caos. E como foi produzido esse caos?

A campanha do Pingo Doce destinou-se a brindar os consumidores com 50% de desconto de compras superiores a 100 euros para “superar” a carestia de vida, para além disso deixou uma mensagem ao público nas entrelinhas que os funcionários dessa empresa foram bonificados, num dia que deveria ser “sagrado”, com 300%. Isto causa turbulência, e divide as pessoas e trabalhadores. No entanto o ganho salarial líquido é ridículo, se um funcionário com o mais baixo salário dessa empresa ganhar por dia 22 euros, tem um bónus de cerca de 65 euros, e se repartíssemos esse dinheiro por quatro semanas, vemos que é uma migalha, pois sabemos que esse mesmo trabalhador passa mais 30 minutos no seu local de trabalho desde a alteração da legislação sem receber mais. E não sabemos qual é o impacto dos impostos nessa remuneração. É fácil enveredar pelo discurso dos números, os números são das maiores chantagens e burlas do nosso tempo. Fico por aqui. Não se discutem questões de ética com números.

Se bem se lembram, Alexandre Soares dos Santos até ousou fazer parte da última campanha eleitoral, promover a vinda do empréstimo do FMI, e avançarcom as mais diversas alarvidades para flexibilizar o mercado laboral, mas não deixa de ser no meu ângulo de visão, um empresário coxo, que levou as mais valias da Jerónimo Martins para a Holanda, que sabe matematicamente que quanto mais a crise afundar os portugueses, relegando-os para as necessidades primárias, mais lucros terá a sua empresa. Esta é a fronteira final, que se repete muitas vezes em África, quem detiver a comida e a sua distribuição tem o povo na mão.

Nunca antes um "dono de Portugal" tinha ousado sair da zona de conforto e transformar-se em actor político, este foi o acto mais escandaloso, mas Alexandre Soares dos Santos é ousado, o que pode ser o seu maior erro, o mau marketing nunca se transforma em bom marketing. O que se passou no 1º deMaio esbarra com os direitos humanos, as lutas pelo reconhecimento de quem de facto é a riqueza das nações, os trabalhadores sofreram um revés, mas é preciso dar-lhe uma resposta, que não pode ser dada com aberturas liberais com as chamadas liberdades de escolha. Não houve para os consumidores liberdade de escolha, uma vez que o Pingo Doce fez uma campanha surpresa, uma bitzkrieg consumista a que não é alheio um governo autoritário e mudo. Se o Pingo Doce faz, os outros também vão atrás… é só uma questão de tempo. Os trabalhadores ou desempregados e milhões de famílias portuguesas estão a arriscar ficar sem Natal e Ano Novo, em troca das lentilhas do Pingo Doce! Temos que inflectir o caminho.

Esta é a crónica de um país em desagregação. Irónico é conhecer nisto a mão de um transmontano a trabalhar para o Pingo Doce, não tão conhecido como outros notáveis transmontanos como Passos Coelho ou Sócrates; é António Barreto, conterrâneo dos vila-realenses, o mesmo que disse no 25 de Abril de 2011, que o país poderia desaparecer, o mesmo que disse que os portugueses estão a racionalizar a crise com latas de salchichas; espero que António Barreto tenha muitas latas em stock, nunca se sabe; um dia quando passar recibos verdes pode vir a precisar.

O que se passou no 1ºde Maio no Pingo Doce, é um exemplo de que também ele está decidido a fazer um bom trabalho com os seus estudos e conferências. E se todos fazermos o “nosso trabalho”, não haja dúvidas que iremos desaparecer.

 

Paulo Seara, membro da Comissão Coordenadora do BE de Vila Real 

 
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