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PARA QUE SERVE ESTE MINISTÉRIO DA AGRICULTURA? |
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04-Ago-2012 |
O Douro precisa de quem o apoie nas dificuldades e não de quem lhe vire as costas
A queda de granizo e os ventos fortes que se fizeram sentir na passada quarta-feira em várias freguesias dos
concelhos de Sabrosa e de João da Pesqueira, em plena Região Demarcada do Douro, causaram graves prejuízos nas vinhas e criaram uma situação dramática para muitos viticultores afetados pela intempérie.
As declarações da ministra Assunção Cristas sobre a recusa de apoio a quem tenha sofrido prejuízos avultados não cobertos pelo seguro revelam um revoltante desinteresse pelos produtores e pela região.
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Dizer, como disse a ministra da Agricultura, que "não se pode beneficiar quem não teve o cuidado de fazer os seguros” é uma falta de respeito por milhares de pequenos viticultores do Douro que se debatem com enormes dificuldades e têm sofrido, ano após ano, a diminuição do benefício e o esmagamento dos preços à produção. Se 50 por cento dos agricultores não aderiram ao seguro não é porque não quiseram, mas porque não puderam.
O Douro não precisaria de apoios da ministra se os viticultores não tivessem sido depauperado, a Casa do Douro estrangulada e a região entregue aos interesses do grande comércio. O Terreiro do Paço devia ouvir, uma vez por todas, que a Região está a sofrer uma grave crise que já é anterior à crise geral e que se agravou com a conjugação de ambas.
Há milhares de viticultores que não têm recursos para pagar seguros de custo elevado e, mais uma vez, é sobre eles, sobre quem produz e enfrenta todas as adversidades que também recairão todas as dificuldades. Para que servirá um ministério da Agricultura que não cuida dos agricultores e da produção agrícola? Para que servirá um ministério da Agricultura que, nos momentos mais difíceis e dramáticos, vira as costas a quem precisa do apoio de todos nós?
O Bloco de Esquerda reclamará do governo intervenção urgente dos serviços regionais do Ministério da Agricultura para o tratamento da vinha afetada; defenderá o apoio público aos agricultores que sofreram prejuízos não cobertos pelo seguro, de modo a garantir que terão condições para sobreviver com dignidade e trabalhar a vinha no próximo ano; proporá que sejam acionados mecanismos europeus para o financiamento da reposição da capacidade produtiva; e insistirá na criação de um sistema de seguros à agricultura a preços acessíveis e financiado pela PAC.
Os agricultores do Douro são portugueses e reclamam apoio para poderem continuar a produzir, ao contrário de outros que foram financiados em milhões para taparem os desfalques bancários. Os agricultores do Douro não se deixarão humilhar pelas palavras envernizadas da ministra, mas cheias de insensibilidade por quem mete as mãos na terra para garantir o sustento.
Jul.2012
BE/Vila Real
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