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Os três cinco de Outubro Imprimir e-mail
07-Out-2012
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Aquela ideia chave de que o PS é um dos pais do 25 de Abril, deu uma pirueta e partiu a espinha no 5 de Outubro passado, desesperado, Seguro oferece aos famintos média, aos populistas dos powerpoints com quem concordo em alguns pontos, mas não prescindo de outros por dá cá aquela palha… e ainda ao campo caótico antidemocrático uma oportunidade de ouro para a acabar com o multipartidarismo que nasceu com o 25 de Abril.

 

A parteira mata a criança!? Assim parece acontecer com o caso da redução do número de deputados. Esta proposta não credibiliza o Parlamento, os deputados ou os eleitores. E é uma falácia que tem pés de barro. Não corrige nada, e é tecnocrata. Não é o desfasamento entre quem é eleito e é eleitor que merece reparo maior, e com redução de deputados, mas a essência do sistema democrático, que a luz do agora, é mais do que eleições, para os partidos da troika resume-se ao eleitoralismo, mas não é assim.

E uma democracia para todos não se esgota no número de deputados, repito. Proteger a democracia é recusar a troika, e abrir novos rumos... e não é um novo admirável mundo que devemos temer, é apenas democracia, ponto final. Outra ideia que me ocorre, prende-se com a moção de censura ao governo PSD-PP realizada pelo BE e PCP, que levou no galope o PS. Cercados e feridos, e ebriamente excitados por Mário Soares lançaram a proposta de reduzir o número de deputados e o hipotético projecto para daqui a três meses, mais uma vez se imita o PSD, na táctica. Se não é bluff, é o PS a fazer a viragem final para um governo de salvação nacional, mas quem o quer?

Quanto ao 5 de Outubro propriamente dito, não existiu um, mas três 5 de Outubro. O 5 de Outubro do Governo e do Presidente da República (que voltou a ser à porta fechada, não posso esquecer que foi Jorge Sampaio que retirou o 5 de Outubro do salão da câmara, Mário Soares não o imaginou sequer, e andou a foguetear), no qual a bandeira fez uma infeliz aparição histórica, fruto do desleixo, deixando Cavaco atolado, e António Costa em pânico. O 5 de Outubro de Alenquer, feito à medida de Mário Soares e Seguro, que se transformou numa provocação abstémia de Seguro e comicieira. E o 5 de Outubro do Congresso Democrático das Alternativas, sinónimo de esperança, de um admirável mundo novo, que é apenas a democracia, contra a troika.

Uma bandeira contém diversas simbologias. O que aconteceu no último 5 de Outubro é fúnebre. É mau augúrio. Não é o fim da república, mas o fim desta república. Temos necessidade de mudança, uma mudança que requer uma plataforma maior. Outro 15 de Setembro. Greves Gerais. Debates, muitos. Mais resistência.

A esquerda, na qual o PS se incluiu um dia assegurou aos portugueses uma Constituição digna, mas imperfeita, que foi sendo desmantelada na última década, tem uma tarefa histórica de regenerar o sistema base, pois as restantes forças parlamentares estão a colaborar na destruição do 25 de Abril, mas não o podemos fazer a sós – digo o redespertar de Abril.

É notório que a nível parlamentar só ficou o BE e o PCP para o fazer, é cada vez mais claro. Os cidadãos têm que ter audácia, aquela audácia portuguesa que teve muitas cores do liberalismo até ao Estado Novo, e que voltou com o 25 de Abril. Atenção, somos hoje todos Buíças da Expectativa, mas é preciso mais passos, para correr com o Passos, bater com a porta no Portas.

A base, somos nós mesmos, e somos nós que a fazemos: a constituição apelidada de esquerda para evitar nos momentos cruciais fatais desvios, como hoje vivemos; a república; o estado social; a justiça social; o respeito pelo planeta. Quanto à governação, compete aos vencedores das eleições, mas a base é uma referência transversal. Neste momento de verdadeira emergência social, só podemos responder com democracia. Num momento de governação o BE, ou um governo de esquerda responderá com socialismo.

 

Paulo Seara, membro da Comissão Coordenadora Distrital do BE de Vila Real

 

 
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