22-Abr-2009 |
Texto publicado no blog Sem muros
Não me compete imiscuir-me nas escolhas dos outros. O PSD saberá o que
faz quando retira todos os seus eurodeputados, menos um, da próxima
candidatura ao PE.
Também não me encontro na posição de analista para poder dizer qual a
conclusão óbvia que muitos eleitores tirarão desta decisão. Por isso mesmo, quero deixar uma palavra sobre os que saem: com
qualquer um deles me travei, ao longo destes cinco anos, de razões.
Fizemo-lo em público, que é onde se devem dirimir as diferenças de
opinião e de política.
Com um - o Vasco Graça Moura - estive na comissão de cultura durante 3
anos. Ele sabe que eu acho que há dois Vascos, o Graça e o Moura. Com
um evito discutir e não lhe acho piada particular; com o outro, gosto
sinceramente de conversar. Este foi muito competente e sério no
trabalho que fez. Deve ter sido esse o seu problema.
Por causa dos temas económicos e sociais, também discuti muito com
Silva Peneda. Não raro, foram debates duros. Por isso sei que fazia o
trabalho de casa e que em vários dossiers difíceis procurou puxar a sua
direita para posições menos reaccionárias. Terá sido o seu defeito?
E a Assunção Esteves? A Assunção Esteves nem era bem PPE. Mas não me
esqueço que na campanha pela despenalização do aborto deu a cara,
co-organisando comigo, com a Ilda Figueiredo e com a Edite Estrela uma
acção em Portugal, que teve a participação de várias eurodeputadas
europeias de outras nacionalidades. Sei igualmente que nas questões de
imigração colocou sempre o respeito pelos Direitos Humanos acima dos
interesses da realpolitik europeia. Terá sido por isso?
Poderia prosseguir, mas valerá a pena?
Miguel Portas
|