
O Bloco de Esquerda insurge-se contra a intenção do Governo em tornar a vida
insuportável no interior do país, ampliando a situação já dramática de
desertificação humana.
Insere-se neste âmbito a decisão de encerrar 20 Tribunais e
passar outros 27 a Secções de Proximidade, sendo que 4 dos Tribunais a encerrar
se situam no Distrito de Vila Real e o Tribunal de Mondim de Basto passa a
Secção de Proximidade: o distrito mais afectado com esta proposta do Governo.
Não se compreende que uma das regiões do país com piores
acessos e dificuldades de deslocação, onde o desemprego tem aumentado e o poder
de compra é reduzido, seja vítima de uma redução descomunal de Tribunais,
aumentando os custos de deslocações de uma população que é bastante
envelhecida.
Tais medidas são o endossar de um mandato a que as
populações tomem a justiça nas próprias mãos.
Consideramos esta proposta avulsa aos valores democráticos
instaurados pela Constituição da República Portuguesa e sinal de que este
Governo como os prévios insiste numa política ativa de Interioricídio,
verificada também na Saúde com o encerramento de serviços e falta de
distribuição de médicos nos Centros Hospitalares transmontanos.
Aliás, ainda esta semana verificou-se mais um caso, de um
cidadão transmontano que teve de percorrer 400 quilómetros para sobreviver a um
acidente: teve de ser atendido em Lisboa porque nos hospitais da zona Norte não
havia vagas para o seu internamento e tratamento.
Também o Ensino Universitário tem sido fortemente penalizado
por estas medidas, existindo uma distribuição orçamental desigual entre as
Universidades do Litoral do País e Universidades e Politécnicos do Interior,
como são os casos da UTAD e do IPB. No caso da UTAD o Governo cortou parte do
Orçamento atribuído a esta Universidade do Interior ao passo que aumentou as
transferências para outras como a Nova de Lisboa. A política cega de atribuição
de bolsas, de encerramento de cursos e de financiamento da investigação está a
conduzir progressivamente à destruição do ensino superior público na Região. No
que toca à devolução dos 30 milhões de euros retidos pelo Ministério da
Educação às Universidades, exige-se que tal aconteça, ao invés de o Governo
ficar com o dinheiro para ironicamente realizar mais cortes.
Esta política de destruição do Interior seguida por
sucessivos desgovernos revolta-nos e apelamos ao bom senso do Governo na
ponderação das necessidades do Interior e em concreto Trás-os-Montes.
Neste ano de início de novo quadro de Fundos Comunitários
devem ser ponderadas medidas de defesa das necessidades básicas no Interior do
país, sendo essencial à justa redistribuição destes fundos a Regionalização que
contemple uma Região de Trás-os-Montes ao invés de uma Região Norte que agregue
Vila Real e Bragança com Porto e Braga. Tal seria a continuidade de uma
alavancagem para o Porto de todos os fundos atribuídos ao Norte no âmbito do
Programa ON2 – O Novo Norte.
Contra estes cortes e a favor do desenvolvimento do Interior
e da qualidade de vida dos Transmontanos,
A Distrital de Vila Real do Bloco de Esquerda
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