Na passada
Sexta-Feira, 13 de Março, deslocou-se uma delegação do Bloco de Vila
Real à sede da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Norte (CCDR-N) no Porto, sendo recebidos pelo Vice-Presidente Prof.
Doutor Paulo Jorge Mota de Pinho Gomes, com o objectivo de saber como
se encontra o processo do mamarracho do “Hotel do Parque” em Vila Real.
Sendo prática corrente desta
autarquia desinformar para afastar a população da participação na
discussão e resolução dos problemas da sua cidade, e tendo assim a
câmara falhado na sua obrigação de informar com clareza os
vila-realenses sobre o verdadeiro projecto que pretende implementar no
“hotel do parque” e das alterações que pretende efectuar na Av. 1.º de
Maio, o Bloco de Esquerda sentiu necessidade de procurar apurar junto
da CCDR-N o que está de facto em causa.
Quais
as reais implicações do projecto? Contrariamente ao que Manuel Martins
afirmou sobre o aumento do impacto do mamarracho, e relembramos: “o que
há a creditar são pequenas volumetrias”, o presidente da Câmara não
acrescentou que estas “pequenas” volumetrias contemplam aumentos do
edifício em altura, na sua traseira virada para o Bairro dos Ferreiros
e avanços na parte frontal virada para a Av. 1.º de Maio. Outro aspecto
que não foi apresentado por Manuel Martins é a intervenção que se
pretende efectuar, em jeito de túnel, que consiste no afundamento da
Av. 1.º de Maio e na construção de uma rotunda ao nível da rua actual
em frente ao mamarracho.
Este
projecto que pressupõe a alteração de Planos de Pormenor teve parecer
negativo da CCDR-N uma vez que esta solução vai aumentar o volume de
tráfego na zona, já de si bastante congestionada e ainda, incrementar a
assimetria com o Bairro do Ferreiros e com o Parque Florestal.
A
CCDR-N desconhecia que não se trata exactamente de um hospital privado
mas uma clínica de luxo de cuidados continuados para população idosa
abastada que tenha possibilidades para pagar apartamentos de luxo no
mamarracho. Tomámos conhecimento que também está previsto uma “urgência
pediátrica”, que também deixou a CCDR-N admirada. E admiração foi
também a nossa reacção, e a da CCDR-N, quando soubemos que o projecto não
contempla uma cantina, mas sim um serviço de catering.
Ficámos
ainda a saber que o edifício tem viabilidade estrutural, não estando em
causa a sua integridade, e que, segundo a CCDR-N, seria um desperdício
a sua demolição total. A proposta do Bloco de diminuir a volumetria do
mamarracho encontrou apoio da parte da CCDR-N.
O Bloco de
Esquerda considera que esta subordinação do ordenamento e harmonia
urbana aos interesses privados não pode ser vista como solução, se irá
resultar no surgimento de novos problemas como é o estrangulamento da
rua 1.º de Maio, no aumento de pressão sobre o Parque Florestal e sobre
o Bairro dos Ferreiros.
Competia pois à Câmara Municipal
informar realmente os munícipes dos verdadeiros objectivos do projecto.
Publicidade enganosa como a que se encontra ainda pendurada no
mamarracho é que não, a população de Vila Real não merece. A pergunta
que agora se impõe é: o que pretende fazer a autarquia face ao parecer
emitido pela CCDR-N?
O presidente da Câmara de Vila Real tem de
tirar as devidas consequências do chumbo da CCDR-N ao seu projecto
despropositado para o edifício do hotel do parque. Em primeiro lugar,
perceber de uma vez por todas que fazer projectos às escondidas e sem
consultar os cidadãos não é garantia que passem e sejam aprovados,
antes pelo contrário, como ficou demonstrado; em segundo lugar,
compreender que responder com arrogância à oposição, como fez com o
requerimento da deputada Alda Macedo (BE) que solicitava
esclarecimentos sobre a matéria, não é sinónimo que tenha razão, antes
pelo contrário, como também ficou demonstrado.
O Bloco/Vila Real
exige real empenho da Câmara na resolução do grave problema do
"mamarracho" do parque. Os projectos previstos no POLIS, mas nunca
concretizados, devem ser respeitados. O Bloco defende a diminuição da
volumetria do edifício, o seu aproveitamento para uma iniciativa de
utilidade pública, tipo "Loja do Cidadão", e a requalificação do Bairro
dos Ferreiros e da sua envolvente, do maior interesse patrimonial,
histórico e turístico para Vila Real e para a região. A Câmara não pode
continuar a bloquear uma solução, seja por incompetência ou por "deixa
andar", que se arrasta há 30 anos!
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