O Bloco de Esquerda é o primeiro partido a publicar em livro o seu
programa eleitoral. "O que quer o Bloco? - 51 ideias para mudar
Portugal" é o título do livro, já disponível nas livrarias Bertrand. O
lançamento foi esta quarta-feira no Chiado, e contou com as
intervenções de Rui Tavares e Francisco Louçã. Vê as fotos do lançamento.
O programa do Bloco foi elaborado tendo em conta muitas
sugestões e contributos enviados pelos muitos cidadãos que quiseram
participar através da Internet. A versão final já está disponível aqui
há mais de um mês e já conta com largas dezenas de milhares de
downloads. A novidade é que, pela primeira vez em Portugal, o programa
pode agora ser também adquirido nas livrarias, "para os amantes do
livro, que não desprezam esse objecto de cultura e que gostam de
folhear com prazer", sublinhou Francisco Louçã, durante a apresentação
na livraria Bertrand do Chiado, em Lisboa.
Antes de Louçã, Rui Tavares - historiador, colunista e deputado europeu
pelo Bloco de Esquerda - saudou a iniciativa do Bloco, e frisou que o
programa do Bloco representa uma alternativa política no modo de
enfrentar a crise económica, ao contrário dos "interesses de uma elite
preguiçosa e inútil e que é responsável pelo atraso e a desigualdade".
Para o historiador, o problema do país não é cultural, nem
administrativo, nem de gestão, nem tecnológico, mas sim político,
resumindo-se a uma pergunta fundamental: "Deve o Estado ou o Governo
ser bábá dos poderosos ou estar ao lado das pessoas comuns?". E
concluiu: "O Bloco é a força da mudança e deve ser um projecto grande e
aberto, tolerante e congregador de ideias, ou seja, deve cumprir o
papel histórico da esquerda e ser uma coligação das pessoas comuns
contra o poder das elites".
Louçã critica "programa secreto" do PS
Francisco Louçã, que prefaceia o livro, lembrou que até agora ao
programa do Bloco apenas se opõe o do "Partido do Governo", dado que
mais nenhum partido apresentou as suas ideias, naquilo que classificou
de "buraco negro do debate eleitoral".
Sublinhou que o programa do Bloco é feito em nome de uma maioria, com
respostas políticas que devem governar o país contra a minoria
desastrosa que tem estado à frente das decisões e contra o poder
financeiro que lucra milhões por dia em tempo de crise. Em contraponto,
o "programa do PS protege os grandes interesses". E aqui Louçã desferiu
a principal crítica: "Um dos problemas do programa do PS é que tem uma
parte que é secreta, ou seja, que não está no programa mas está nas
decisões, principalmente quanto à forma como o Estado é gerido" E
exemplificou: "O governo entregou a grupos privados - Mello e Espírito
Santo - a gestão de três hospitais públicos até 2040, confirmando a sua
política de protecção dos grandes grupos monopolistas".
A Segurança Social é outra das áreas onde se vinca a diferença entre o
Bloco e o PS. "O PS defende a actual reforma da Segurança Social, ou
seja, o aumento da idade da aposentação e a redução substancial das
pensões. Ao contrário, nós defendemos a solidariedade inter-geracional
para reformas dignas". Louçã voltou a destacar a proposta do Bloco de
reforma sem penalização ao fim de 40 anos de descontos e explicou como
se financia um sistema de segurança social ao serviço das pessoas.
"Estas propostas têm custos. Por isso defendemos um imposto adicional
de 2% sobre as grandes fortunas, que só por si daria para aumentar em
50 euros as pensões baixas de 150 mil pessoas".
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