A saúde não é um negócio!
27-Mar-2008
ariana_meireles.jpgO governo tem criado todas as condições para diminuir as responsabilidades do Estado no sector da saúde, favorecendo assim a privatização de um direito fundamental do ser humano, o direito à saúde.

No distrito de Vila Real já foram encerrados os Serviços de Atendimento Permanente (SAP) de Alijó, Murça e Vila Pouca de Aguiar, o bloco de partos do Hospital de Chaves e o Serviço de Urgência do Hospital D. Luiz I, no Peso da Régua. Estes encerramentos levam à deslocação de milhares de utentes para Vila Real que não se encontra em condições para responder com eficácia a esta concentração.

Para os utentes, muitos deles obrigados a deslocarem-se mais de 100 quilómetros até ao Hospital de Vila Real, verão o custo de acesso à saúde aumentar com as deslocações.

Todas estas medidas proporcionam grandes hipóteses de lucro para quem quiser investir em hospitais privados. E o esquema está montado. Em Chaves e Vila Real preparam-se para abrir dois hospitais privados que, com discursos enganadores, se apresentam como alternativa para satisfazer as necessidades de “toda” a população. Sejamos honestos, estes hospitais, movidos pelo lucro fácil, só são do interesse para os mais endinheirados da região.

É preciso referir que estas medidas não são exclusivas deste governo PS. Regressemos a 2002 com o PSD/PP no governo, liderado por Durão Barroso, e relembremos o Decreto-Lei nº 185/2002 de 20 de Agosto que preconizava estabelecer contratos de gestão, de colaboração e de prestação de serviços com empresas privadas. Esta cumplicidade entre PS e PSD já enjoa, um diz-se de esquerda o outro de direita, mas de facto não passam de duas mãos do mesmo corpo.

O objectivo destes dois partidos é o mesmo: privatizar o bem público da saúde, transformando-o num lucrativo sector de investimentos de capital. Como afirma, e bem, Boaventura de Sousa Santos: “O SNS é um dos principais pilares da democracia portuguesa, e a ela se devem os enormes ganhos de desenvolvimento humano nos últimos trinta anos; qualquer retrocesso neste domínio é um ataque à democracia”.