Os três cinco de Outubro |
07-Out-2012 | |
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A parteira mata a criança!? Assim parece acontecer com o caso da redução do número de deputados. Esta proposta não credibiliza o Parlamento, os deputados ou os eleitores. E é uma falácia que tem pés de barro. Não corrige nada, e é tecnocrata. E uma democracia para todos não se esgota no número de deputados, repito. Proteger a democracia é recusar a troika, e abrir novos rumos... e não é um novo admirável mundo que devemos temer, é apenas democracia, ponto final. Outra ideia que me ocorre, prende-se com a moção de censura ao governo PSD-PP realizada pelo BE e PCP, que levou no galope o PS. Cercados e feridos, e ebriamente excitados por Mário Soares lançaram a proposta de reduzir o número de deputados e o hipotético projecto para daqui a três meses, mais uma vez se imita o PSD, na táctica. Se não é bluff, é o PS a fazer a viragem final para um governo de salvação nacional, mas quem o quer?
Quanto ao 5 de Outubro propriamente dito, não existiu um, mas três 5 de Outubro. O 5 de Outubro do Governo e do Presidente da República (que voltou a ser à porta fechada, não posso esquecer que foi Jorge Sampaio que retirou o 5 de Outubro do salão da câmara, Mário Soares não o imaginou sequer, e andou a foguetear), no qual a bandeira fez uma infeliz aparição histórica, fruto do desleixo, deixando Cavaco atolado, e António Costa em pânico. O 5 de Outubro de Alenquer, feito à medida de Mário Soares e Seguro, que se transformou numa provocação abstémia de Seguro e comicieira. E o 5 de Outubro do Congresso Democrático das Alternativas, sinónimo de esperança, de um admirável mundo novo, que é apenas a democracia, contra a troika.
Uma bandeira contém diversas simbologias. O que aconteceu no último 5 de Outubro é fúnebre. É mau augúrio. Não é o fim da república, mas o fim desta república. Temos necessidade de mudança, uma mudança que requer uma plataforma maior. Outro 15 de Setembro. Greves Gerais. Debates, muitos. Mais resistência.
A esquerda, na qual o PS se incluiu um dia assegurou aos portugueses uma Constituição digna, mas imperfeita, que foi sendo desmantelada na última década, tem uma tarefa histórica de regenerar o sistema base, pois as restantes forças parlamentares estão a colaborar na destruição do 25 de Abril, mas não o podemos fazer a sós – digo o redespertar de Abril.
É notório que A base, somos nós mesmos, e somos nós que a fazemos: a constituição apelidada de esquerda para evitar nos momentos cruciais fatais desvios, como hoje vivemos; a república; o estado social; a justiça social; o respeito pelo planeta. Quanto à governação, compete aos vencedores das eleições, mas a base é uma referência transversal. Neste momento de verdadeira emergência social, só podemos responder com democracia. Num momento de governação o BE, ou um governo de esquerda responderá com socialismo.
Paulo Seara, membro da Comissão Coordenadora Distrital do BE de Vila Real
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