Regionalização e descentralização |
15-Jun-2009 | |
A afirmação de que a regionalização
não é um assunto consensual na sociedade portuguesa e a imposição
de um novo referendo popular não deveriam obrigar o BE a aceitar uma
qualquer regionalização. De facto, o PS irá incluí-la no seu
programa eleitoral, o que deveria levar o BE a debater este assunto
e, depois, apresentar aos portugueses a sua proposta. Aquilo que está
escrito no projecto de programa não é, no meu entendimento, uma
proposta alternativa ao que o PS defende, nem é uma proposta que
consiga dar resposta ao problema efectivo que são as assimetrias
regionais, a interioridade e o centralismo vigentes em Portugal.
Contributo de Luís Vale
O BE defende um modelo de descentralização e de regionalização que assenta, essencialmente, nos territórios das actuais CCDRs. Apresenta o exemplo da NUT Alentejo (como poderia apresentar outras com os mesmos ou ainda piores índices). Com isso apresenta um mapa de 5 regiões (tal como o PS faz), mas não explica porquê, nem fundamenta a escolha por tal divisão administrativa, nem sequer as suas vantagens. Antes de mais, deveríamos ter começado por debater seriamente este assunto, com tempo e disponibilidade, de forma a consciencializarmo-nos da existência de diferenças regionais muito expressivas e que ultrapassam largamente a visão centralista e dicotómica para a divisão administrativa do país. E esta não é uma atitude ou postura de guardador de rebanhos ou de quem está apenas e só preocupado com o seu quintal. É, fundamentalmente, a tentativa de percepcionar o território tendo em conta todas as partes que compõem e permitem o todo, naquilo que serão as continuidades e as descontinuidades endógenas que compõem o território nacional. Porque o documento não fundamenta as 5 regiões e assim não sabemos porque é que o BE defende esta regionalização, procurarei argumentar porque não acredito nessa divisão administrativa e suas desvantagens:
Sem esquecer os critérios de racionalidade territorial temos que perspectivar o país prismaticamente, aceitando que cada um desses prismas possa ter a sua lógica e a sua racionalidade. São várias as manifestações de desagrado perante a possibilidade desta proposta de divisão administrativa do país vir a ser apresentada. A Norte, ao Centro e a Sul são muitas as opiniões que divergem e se insurgem contra esta regionalização e o BE, se acredita na descentralização, deveria estar atento e escutar essas opiniões. Para bem da regionalização. Para se poder falar de região, enquanto unidade administrativa, é preciso que os contrastes inter-regionais sejam superiores aos intra-regionais, ou de outra forma, não poderemos falar de região sempre que nesta se verifique que as descontinuidades são superiores às continuidades. Assim, considero que as 5 regiões serão insuficientes para traduzirem fielmente a realidade do Portugal actual. Se algumas das regiões propostas estão correctamente definidas, outras há que não. Portanto, parece-me que a alternativa mais adequada para a promoção da descentralização será sempre um mapa com um mínimo de 7 regiões:
Bragança, 29 de Maio de 2009 |